16 de out. de 2009

tudo sobre eu


Já risquei as paredes de casa com lápis as cores.. Já fiz cosquinha no meu irmão só para ele parar de chorar, já me queimei a brincar com vela. Eu já fiz bola de pastilha e sujei todo o rosto, já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxa. Já quis ser bailarina, cantora, medica e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés para fora. Já passei trote por telefone. Já tomei banho de chuva e acabei por me viciar. Já roubei beijo. Já confundi sentimentos. Peguei o atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de arroz, já me cortei, já chorei ouvindo música no autocarro. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer. Já chorei por amar e já ri por ter sofrido… Já subi escondida no telhado para tentar pegar estrelas, já subi em árvore para roubar fruta, já caí da escada... Já fiz juras eternas, já escrevi na parede da escola, já escrevi cartas de amor, já chorei sentada no chão da casa de banho, já fugi de casa para sempre, e voltei no outro instante. Já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei sozinha no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só. Já gritei desesperadamente para dentro d mim própria.. Já pedi ajuda sem falar.. Já fui dormir sem vontade de acordar.. Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios, já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar. Já senti medo do escuro, já tremi de nervosa, já quase morri de amor, mas renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar. Já apostei em correr descalça na rua, já gritei e pulei de felicidade, já roubei rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas descobri que nada é "para sempre". Já deitei na relva de madrugada e vi a Lua virar Sol, já chorei por ver amigos partirem, e já parti deixando amigos a chorar por mim… mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração.